Corrida de cestos vindimos

Quinta de Cimo de Sande (1985), por Georges Dussaud
Quinta de Cimo de Sande (1985), por Georges Dussaud

As vindimas são a maior festa natural do Douro. Trabalha-se e brinca-se, ao mesmo tempo. Um cacho de uvas na mão ou a caminho do lagar é uma promessa. Canta-se à vinda do trabalho; dança-se, à noite, num terreiro, onde se puder dançar; e os próprios instrumentos de trabalho dão origem ao jogo. É o que acontece, por exemplo, com os cestos vindimos, de forma alongada, mais largos em cima do que na base. O jogo começa logo, durante a faina do transporte das uvas às costas. Há por vezes um carregador que, sendo ou fazendo-se valente, quer andar mais depressa do que o outro e, se este não se conforma, nasce o desafio: é o jogo que, depois, pode fazer-se com os cestos vazios.

REGRAS

1. Utilizam-se cestos vindimos, mais ou menos iguais e vazios.
2. Usa-se trouxa ou não, como no trabalho, mas as mãos têm de ir a segurar a asa frontal do cesto.
3. Os concorrentes alinham na raia de partida e, a um sinal, partem em direcção a uma meta, vencendo o primeiro que lá chegar.
4. É desclassificado aquele que impedir voluntariamente a corrida de outro, o que retirar as mãos das asas do cesto e o que não mantiver este na posição normal do trabalho.

António Cabral para Eito Fora por Pedro Colaço Rosário (2001)

António Cabral [1931-2007] foi um poeta, ficcionista, cronista, ensaísta, dramaturgo, etnógrafo e divulgador da cultura popular portuguesa.

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