Descrição
Entre o azul e a circunstância ou, por exemplo, a distância entre o sonho e um real cruel, ignorado, inaproveitado. Sonho que é sobretudo o desejo de o A. (e nós) poder(mos) ver um dia devidamente nobilitado o espaço humano do Nordeste. Esta distância tanto deriva da secular indiferença do poder político (“De Lisboa viria o incentivo / […] quem, se ministro, / evoca o tojo da infância”) como de grande parte do discurso literário (dominante), ao não tematizar (e não só opção estética) esse espaço – pois esse uso da palavra é já uma forma de fecundar uma promessa ou uma consciência: “…ó graves escritores, do mundo-cão […] arrancai das palavras a liberdade […] com o saber possível, certo, que toda a palavra é mulher…”.
Um excelente livro de poesia, onde a modernidade do tecido linguístico é uma vincada singularidade deste poeta (que é também dramaturgo e ensaísta) a merecer a atenção da Crítica. 1
- Ficheiro. Letras & Letras. Porto. N.º 7 (1 Junho de 1988), pag. 8 ↩
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